Ensaio de André Lemos, Doutor em Sociologia, Professor Adjunto da FAcom/UFBa, Coordenador do Centro de Estudos e Pesquisa em Cibercultura – Ciberpesquisa. O ensaio foi publicado no livro "Olhares sobre a Cibercultura", publicado em 2003.
Nesta postagem analisei o texto em formato FICHAMENTO, método de ensino do qual fiz muito uso em diversos componentes que cursei ao longo de minha trajetória na UFSB.
DISCUSSÃO: relações entre novas tecnologias de informação, comunicação e cultura contemporânea dentro da cibercultura.
TEMAS RELACIONADOS
CIBERCIDADES: Espaço de fluxo de novas práticas comunicacionais no ciberespaço.
NOVAS PRATICAS COMUNICACIOINAIS NO CIBERESPAÇO: E-mail, listas de trasmissão, weblogs, jornalismo on-line...
QUESTÕES ARTÍSTICAS: Arte eletrônica, vídeos, imagens
TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS E ÉTICAS: Software livres, P2P, privacidade, LGPD
NOVA CONFIGURAÇÃO COMPUTACIONAL: Liberação do pólo da emissão de informações.
CIBERCULTURA: Definição.
Forma sociocultural advinda da relação entre a sociedade e a cultura, com o advento das novas tecnologias surgidas a partir da convergência das telecomunicações com a informática na década de 70.
Marcada pela tecnologias digitais, a CIBERCULTURA, é uma cultura contemporânea que não se trata de um futuro, mas do presente. É um resultado da evolução da cultura técnica moderna.
Diferença entre otimistas e pessimistas:
Uma falsa questão visa neutralizar discursos e e identificar inimigos óbvios.
Otimista ou pessimista é uma prerrogativa individual, é subjetivo.
VERDADEIRA QUESTÃO é evitar uma visão de futuro utópica ou distópica. Deve haver uma concentração nas oportunidades abertas, desconstruindo velhos discursos baseados em preceitos desatualizados nas atuais estruturas técnico sociais contemporâneas.
Para se compreender AS ORIGENS da cibercultura, é preciso observar a perspectiva HISTÓRICA.
Bases sociais, históricas, econômicas, culturais, cognitivas e ecológicas da relação do ser humano com a técnica.
NASCE DO DESDOBRAMENTO DA RELAÇÃO DA TECNOLOGIA COM A MODERNIDADE.
A partir da década de 60 emerge novas formas de sociabilização que dão outros rumos ao desenvolvimento tecnológico, criando novas relações do ser humano com as tecnologias de informação.
MODERNIDADE se caracteriza como uma forma de APROPRIAÇÃI TECNICA DO SOCIAL. A CIBERCULTURA marcadas por diversas formas sociais midiáticas.
Falência de metarrelatos. (Metanarrativa (também conhecida como grande narrativa; é um termo literário e filosófico que significa simplificadamente a narrativa contida dentro ou além da própria narrativa.)
Ideia de fim do futuro;
Surgimento de novas possibilidades planetárias da comunicação digital
A nova configuração espaco-temporal.
"A CIBERCULTURA permite ampliar as formas de ação e comunicação sobre o mundo"
A mídia assim como as diferentes formas de comunicação, alteram, nossa relação em relação ao espaço e ao tempo. Os instrumentos de de memoria (tempo) e de escrita (espaço) se modificam.
Trata-se de uma mesma ação de emitir informação por diferentes meios ao longo da história (telégrafo, telefone, rádio, televisão, internet)
Transformações midiáticas alteram nossa percepção no espaço tempo, nos fazendo vivenciar o tempo real por meio de "lives".
SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO marcada pela ubiquidade e pela instantaneidade.
LADO NEGATIVO: "O tempo real pode inibir a reflexão, o discurso bem construído e a argumentação."
LADO POSITIVO: o "clique" generalizado permite a ação imediata, trazendo conhecimento simultâneo e complexo, por meio das participações ativas em fóruns socais.
NOVA CONJUNTURA: espaço tempo. Agir aqui, mas à distancia.
Sob a NOVA ESTRUTURA TECNICA CONTEMPORÂNEA, a cibercultura abre uma estrutura de mídia inédita e ímpar, que permite a qualquer individuo emitir e receber informação em tempo real, sob diferentes formatos, para qualquer lugar do planeta.
NOVAS FORMAS DE INTERAÇÃO E ENTRETENIMENTO, do computador pessoal, para o dispositivo móvel, do PC ao CC, conectado. Novas modalidades de comercio, entretenimento, relações sociais, trabalho, educação.
COMPUTADOR NO COLOCA EM UMA CONEXÃO GENERALIZADA, NADA MAIS É ESTÁTICO, TUDO É MÓVEL.
NOVOS POLOS DE EMISSÃO DE INFORMAÇÕES: chats, fóruns, e-mail, listas, blogs, páginas pessoais...
ANTES; emissão de informações apenas pela "mass midia";
HOJE: equipamentos tornam-se meios de emissão de informação.
O VERDADEIRO COMPUTADOR, É A REDE
A ampliação da cibercultura e da comunicação em rede permanecesse em crescimento constante e acelerado.
RECONHECIMENTO de que "não há mídia totalmente democrática e universal" ao analisar que a mídia impressa ainda é lida por uma minoria e metade da população mundial nunca utilizou um telefone.
PARA QUE HAJA A VERDADEIRA APROPRIAÇÃO SOCIAL, das novas tecnologias de comunicação e informação, devemos permitir o ACESSO A TODOS.
Metáforas:
Existência de problemas linguísticos e conceituais e não é por acaso a crescente utilização de metáforas para descrevermos os seus diferentes fenômenos.
Novos conceitos emergem associados a novas tecnologias.
Formas de descrever o intangível. (virtual)
As metáforas nos permitem um entendimento analógico do mundo digital.
A cibercultura no cotidiano. As novas práticas comunicacionais emergentes, inéditas e diversas com a criação de novos espaços como dalas de chat, salas coma conversação sem oralidade ou presença física, muds, jogos tipo role playing games...
Ao dizer que estou navegando na internet, posso estar lendo, assistindo vídeos, conversando, transmitindo. Não há vínculo único entre a prática e o instrumento.
Migração de formatos, não extinção de formatos. Novos instrumentos surgem a cada dia.
Com a CIBERCULTURA, surgem NOVAS RELAÇÕES SOCIAIS ELETRÔNICAS, debates sobre a ausência física como fator principal de novas praticas sociais.
Dificuldades em estabelecer relações de confiança nas novas formas de comunicação on-line.
Erving Goffman, antropólogo, escritor e sociólogo canadense: todos nós desempenhamos diferentes papéis em situações sociais diversas. A relação com o outro é sempre complexa e problemática, seja dentro da rede ou fora dela. Todo o conflito está na contradição entre sermos em função do outro.
A arte eletrônica
Herança das artes vanguardistas da década de 70.
Ampliação constante do campo com a ação com novas possibilidades tecnológicas que começam a interessar os artistas contemporâneos a partir dos anos 80 como a arte, a música eletrônica, o e-mail arte, a body arte, a webarte e demais formas artísticas.
INTERATIVIDADE, arte passa a ir além da mera exposição/audição, a interatividade mostra um novo campo.
O CYBORG,
Corpo humano fruto de diversas combinações de informações = rede internet.
Corpo que agora é objeto de intervenção.
O corpo de se desenvolve e se modifica conforme o desenvolvimento da cultura. Desta forma, o corpo humano na cibercultura é ampliado, transformado e refuncionalizado considerando as possibilidades técnica de introdução de micromáquinas.
Proteges,
Nanotecnologia;
Reformulação de funções;
Transmissores neurais.
A COLONIZAÇÃO INTERNA DO CORPO COM PROTESES, NANO MAQUINAS, transformações subjetivas por de piercings, tatoos, ou formas de androgenia.
QUESTÕES POLÍTICAS DA CIBERCULTURA, afetam incluídos e excluídos do mundo digital.
Formas de controle e vigilância. equipamentos de transmissão em tempo real de imagens e áudio. Bancos de dados com informações personalizadas, Violação de direito de autor, e informações pessoais em bancos de dados, são aspectos atuais do quotidiano.
CONTROLE, VIGILANCIA, MANIPULAÇÃO
Surgem mediadores (gate keepers) mediadores entre o controle por grandes conglomerados mundiais e o cidadão comum.
Novas ações política com o objetivo de alertar a população e impedindo ações que atingem a liberdade de expressão e a vida privada.
A emergência de cibercidades
Já vivemos a cibercidade, com seus fluxos de informações binárias.
Busca-se reaquecer o espaço público, recuperando o interesse pelos espaços concretos das cidades, e criar novas formas de vínculo comunitário, ajudando a população na apropriação social dessas tecnologias e dinamizando a participação política.
DEVEMOS repensar o uso das novas tecnologias no espaço urbano.
O "tele", nos leva para onde não estamos fisicamente.
Espaço escola, espaço museu, espaço cidade.
Leis da Cibercultura.
- Lei da reconfiguração, deve-se evitar a substituição ou aniquilamento, devemos reconfigurar praticas, modalidades midiáticas, espaços, sem substituir seus respectivos antecedentes;
- Lei da libertação do polo da emissão, presente nas novas formas de relacionamento e emissão de ideias, criando novos polos de emissão de informação;
- Lei da Conectividade generalizada, que transforma PC em CC, e daí em CC móvel. É possivel estar só, sem estar isolado. Coloca-se em contato direto seres humanos e maquinas, assim como maquinas e maquinas. "O tempo reduz-se ao tempo real e o espaço transforma-se em não espaço."
O imaginário do século XXI, com alertas sobre horrores do possivel controle da maquinas, imaginários de carros voadores e maquinas em um mundo asséptico
Apesar das previsões catastróficas como em 1984 (George Orwell) ou da robotização (Jetsons) o mundo permanece humano, a sociedade contemporânea está viva e a natureza caótica radical e violenta no ser humano permanece viva.
Devemos permanecer abertos a potencialidades e possibilidades das tecnologias da cibercultura nos mantendo atentos às negatividades destas.
Precisamos compreender a vida como ela é e buscar nos apoderando dos meios sócio técnicos da cibercultura.
O fenômeno ainda está em seus primeiros passos, e ainda sofrerá transformações.
"Há ainda vida na técnica e não o deserto técnico do real."
OBSERVAÇÕES PESSOAIS;
Na análise sobre as previsões sobre como seria o século XXI, podemos fazer alusão ao livre Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, onde a perda das relações sociais autênticas e de um afastamento perigoso da natureza, com o advento de novas tecnologias e novas relações sociais. Publicado em 1932, o livro de Aldous Huxley apresenta um futuro onde a sociedade conquistou paz e equilíbrio após a proibição do dinheiro, da família, da monogamia, da privacidade e do livre arbítrio. questionando se isso trouxe felicidade. O livro previu invenções presentes hoje em nossas vidas, como os bebês de proveta, análise de DNA e até antidepressivos como o Prozac. Todos essas previsões já fazem parte de nossas vidas.
Assim como um dia, os acendedores de lamparinas temeram e criticaram o surgimento das lâmpadas elétricas, as novas tecnologias de comunicação trazem uma série de dúvidas e receios, mas a humanidade está, e sempre esteve, em constante transformação seja ela tecnológica, científica, social ou cultural. Novos termos, linguagens, relações e tecnologias surgem e continuarão a surgir com o tempo.
Como mais próximo exemplo da cibercultura e das novas formas de relações sociais, posso citar o componente que gerou esse blog, que foi apresentado pelo professor de forma 100% on-line, onde os alunos, como no meu caso, assistiram as aulas através da cibercidade.
A CIBERCULTURA, está ainda sem seus primeiros passos.
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